segunda-feira, 7 de maio de 2012

A MÚSICA NA FAMÍLIA

Quando meu avô materno se foi, em 1975, com 65 anos, algumas histórias começaram a ser reveladas. Então comecei a entender porque ele vivia assobiando, fazendo sons de batucada com os dedos na palma da mão, descascando a madeira do apoio de braço da poltrona onde se sentava, com as unhas, de tanto batucar... me lembro de encontros familiares, quando era pequena, com tios cantando em duas vozes, caixinhas de fósforo servindo de percussão, discos de vinil na vitrola de casa, daquelas de armário, de um lado o rádio e do outro o toca disco... Quem era músico era mal visto, então meu vô Miro parou de tocar após se casar e se dedicou exclusivamente ao ganha pão. As batucadas e assobios indicavam que a música fazia falta em sua vida, mas seu passado de baterista de Jazz Band e percussionista da Banda ficou omitida até sua morte, pelo menos para nós que vivíamos com ele.
Uma banda formada pelo meu bisavô, Maestro Ágide Azzoni, cujo nome foi dado a uma rua de Campinas, na Chácara da Barra, iniciava, de certa forma, a história musical da minha ascendência materna.
Do lado paterno, me lembro desde criança de meu avô tocando clarineta, quando viajávamos para Ariranha onde meus avós moravam.

 Banda Carlos Gomes (que não é a mesma que existe e tem sede na Benjamin Constant), fundada pelo meu bisavô italiano, Maestro Ágide Azzoni, sentado ao centro, com a batuta na mão.

 Meu avô paterno, Hermes Bachiega, ao Centro, numa foto de 1921.
Detalhe: Per ricordo, nel giorno di Natale 1921, in piena armonia gli amici si fotografarono. Laranjal.

  Meu avô paterno, Hermes Bachiega, tocando percussão numa banda da cidade em que morava.


 Meu avô paterno (Hermes) arranhando o violão, meu pai atrás, meu avô materno (Miro)e meu querido tio Dadá, que tem uma linda voz e um CD gravado e copiado por seu cunhado para deleite da família.

Vô Hermes e vô Miro dando uma canja.

Detalhe: foi neste violão que aprendemos (eu e minhas irmãs) a tocar, em 1976 e é neste mesmo violão que meu filho começará a tocar em breve.

O vô Miro, assim como seus irmãos, criavam canários. Ele assobiava o tempo todos para eles. Quando nascia filhotes, a gente ajudava a trocar o ninho sujo. Ele colocava os bebezinhos meio peladinhos nas nossas mães em concha, pegava um ninho limpo e os devolvíamos para a gaiola. No dia em que ele se foi, um canário foi com ele.

2 comentários:

  1. ADORO histórias de família! Podemos chamar de "oralidade", de "ancestralidade" ou "memória"... Prefiro chamar simplesmente de cultura. Convido a amiga Lúcia para um passeio neste site: https://sites.google.com/site/lucappellano/-nunca-houve-uma-mulher-como-gilda

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